selo jacotei

jáCotei, o seu comparador de preços!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

MARAVILHAS DA MADEIRA

Bordados da Ilha da Madeira

Actualmente o desenho é criado por um desenhador criador de bordados ou adaptado por um técnico desenhador; depois é colocada uma chapa sobre o original e são picotados os desenhos com uma máquina própria de picotagem.
Com a chapa sobre o tecido a bordar, usa – se uma pasta à base de parafina, azul e petróleo e estampa-se no pano. O pano é então passado à bordadeira, que executa a arte final (bordado).
As peças bordadas, de seguida são lavadas e passadas a ferro. Os recortes são feitos de seguida nos trabalhos que englobam motivos abertos. Depois a peça é engomada, dobrada e, por fim, embalada.
Os pontos mais utilizados nos bordados da Madeira são: caseado (Fig.5), cavaca, richelieu, arrendados, oficial, bastidor, cordão, pé de flor, francês, de sombra e o ponto de remendo. Como derivados existem o ilhó e a folha aberta.

O ponto caseado difere do “cordão” pelo nó produzido no cruzamento da linha de forma a assegurar a área de recorte; o ponto cavaca (Fig.8) é de figura geométrica circularexecutada em “ponto cordão” (Fig.6) com aberturas recortadas; o richelieu consta do “ponto caseado” quando utilizado nos contornos de motivos para recorte sobre tecidos de textura pesada; os pontos arrendados “Ana”, “Crivo”, e “Escada” (Fig.7) são pontos executados mediante a contagem e retirada de fios no tecido tanto na vertical como na horizontal e enlaçados com linha de acordo com a respectiva espécie. O ponto oficial é o “ponto cordão” quando utilizado nos contornos de motivos para recorte sobre tecidos de textura leve; o ponto bastido (Fig.9) é um ponto utilizado nos contornos de desenho cuja configuração exige determinado relevo; o ponto de cordão é o ponto utilizado nos contornos de desenho cuja configuração não obriga a recorte, quando sugere “caules” toma o nome de “pau”; o ponto pé de flor ou de corda para ser perfeito necessita de uma grande regularidade na dimensão dos pontos simples e que a distância entre a entrada e a saída da agulha seja sensivelmente igual; o ponto francês é utilizado para contornar e prender aplicações de outro tecido, necessita de execução cuidadosa para se obter o melhor efeito; o ponto de sombra só é utilizado nos tecidos transparentes – cambraias e casas o que implica muita delicadeza na realização do trabalho. Toda a linha é aplicada com efeito decorativo pelo que os pontos do direito contornam a figura enquanto os do avesso se destinam a sombrear a respectiva área; é necessário que a linha do reverso cubra o melhor possível a área da figura desenhada; finalmente o ponto de remendo é quase um ponto de costura e é muito utilizado para prender aplicações de outros tecidos.
A criação de bordados, contagem técnica dos pontos, estampagem, colorido, registo é feito na fábrica de bordados. Há um “agente” da fábrica que se responsabiliza pela distribuição dos bordados às bordadeiras, especialmente na zona rural. A bordadeira executa este trabalho domesticamente e volta à fábrica para pagamento e acabamentos. Nas fábricas existem empregados e operárias. São estas operárias que preparam a estampagem e os acabamentos. O sistema de comercialização principal é pelo “mostruário” das peças executadas, ou pela sugestão dos “clientes”.

Os preços da mão-de-obra são feitos a partir de “contagem” do desenho, a saber: todas as espécies de pontos usados nessas peças têm uma base calculada por unidade ou por metro.
Por exemplo, por cada “pétala” bordada entre um tamanho mínimo e o máximo desenhado, é contado um “ponto industrial”.
Acima da área máxima para um ponto ajusta-se a percentagem.
Um metro de “caseado liso” conta 60 “pontos industriais”, e assim outros têm cálculos compatíveis.
Uma vez tomadas as quantidades dos “pontos industriais”, estes são multiplicados por uma base legal e acha-se o preço a ser pago pela peça. Note-se que os “pontos industriais” nada têm a ver com os pontos que a bordadeira dá.
Os bordados clássicos são ainda desenhados em papel vegetal, picotado numa chapa sobreposta ao original e estampados com pasta azul.
Os bordados modernos são preparados pelo mesmo processo dos clássicos, mas o tipo de desenho é mais simples, permitindo os coloridos.
Tanto o bordado antigo como o bordado clássico, se forem genuínos, não comportam colorido. Devem ser brancos tanto o pano como a linha que o borda.

No bordado clássico usam-se linhos brancos ou crus para os brancos, o bordado deve ser em linha branca ou azulada. Nos bordados sobre linho cru, a linha deve ser de uma só cor que vai desde o bege ao tom do pano e deste ao castanho-escuro.
A beleza do desenho salienta-se pelo recorte das partes abertas dos motivos, ficando os bordados apenas como contorno ou motivo de composição. O desenho clássico não é descritivo. Ele sugere no pano a ideia artística.
No entanto, por evolução e gostos comerciais, passou a descrever-se motivos e a usar-se nesses desenhos várias cores. Usam-se cores garridas nessa tentativa e como esse tipo de desenho é quase barroco, no todo faz efeitos agradáveis.
Quem pesquisar com cuidado o desenho clássico genuíno entenderá facilmente que este só permite uma cor.

Os trabalhos modernos são feitos de organdi, cambraias e tecidos leves, ou muitas vezes com aplicações, que são decorrências do meio bordador e de influência de mercados. Usam-se cores “pastel”, delicadas e harmonizadas. Não podemos classificar este tipo de bordado como um verdadeiro Bordado da Madeira, mas aceita-se o facto de ser Bordado da Madeira.
Desde 1938 é obrigatório que o bordado para venda disponha de um selo de garantia, por isso, quando comprar bordados da Madeira, procure o selo de garantia.
Referência Bibliográfica:
Paulo Fernando Teles de Lemos Silva, Bordados tradicionais portugueses, Dissertação de Mestrado em Design e Marketing - Área de Especialização em Têxtil, Universidade do Minho, 2006
Se quer aprender mais sobre o bordado da Ilha da Madeira

Bordados da Ilha da Madeira

A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pelas fidalgas, como necessidade de decoração das roupas do lar bem como do vestuário, e ainda por influência dos trabalhos conventuais.

Até meados do séc. XIX não existem referências à venda ou exportação de Bordado Madeira. O ano de 1850 é um marco para uma nova fase do Bordado Madeira, data em que este produto ganha um cariz comercial. Neste ano foi organizada uma exposição das indústrias madeirenses, realizada no Palácio de S. Lourenço, onde se tornou evidente o potencial económico do produto.

O interesse britânico por esta exposição foi tão grande que a Madeira recebe um convite para estar em Londres na Exposição Universal, que decorre no ano seguinte em 1851. Esta participação revelou-se um grande sucesso onde as peças apresentadas foram elogiadas pela sua pureza e perfeição artística.

Durante o Séc. XIX as principais exportações destinam-se a Inglaterra e Alemanha. No século XX exporta-se Bordado Madeira para todo o mundo. Itália, Estados Unidos, América do Sul e a Austrália tornam-se mercados importantes. França, Singapura, Holanda, Brasil e outros países contribuíram também para a expansão do comércio e da notoriedade do Bordado Madeira.
Actualmente os maiores mercados de exportação são EUA, Itália e Inglaterra.

Reconhecidas internacionalmente, as peças de Bordado Madeira têm uma história e tradição ligadas ao segmento de luxo e muitas foram e são as mesas da aristocracia europeia cobertas com peças de Bordado Madeira

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O LIVRO E A HISTORIA


São Paulo, 29 ago (Lusa) - A história de cinco bordadeiras que deixaram a Ilha da Madeira para viver no Brasil, na década de 50, e que ainda mantêm viva a tradição do bordado, é resgatada num livro lançado esta semana em São Paulo. 

"Bordadeiras do Morro São Bento - A vida tecida entre o linho e as linhas" é resultado de uma tese em Gerontologia (estudo da velhice) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), da brasileira Gisela Kodja, 50 anos. 

O livro inclui narrativas das bordadeiras que vivem no Morro São Bento, local que concentra uma grande comunidade portuguesa, na cidade de Santos, no litoral sul de São Paulo. 

"Como neta de sírio-libaneses, esse sentimento de quem deixa a sua terra natal para nunca mais voltar sempre me intrigou muito", disse a autora à Agência Lusa. 

"Decidi então resgatar a história oral abandonada dessas bordadeiras que já chegaram a formar um grupo de 300 mulheres, mas que hoje não têm herdeiras no ofício", assinalou. 

Com idades entre 76 e 81 anos, as entrevistadas, Dona Isabel, Beatriz, Maria Teresa, Maria Alexandre e Maria Paixão, herdaram o ofício de suas mães, bordam desde crianças. 

Valorizado e símbolo de status local no século passado, o bordado da Ilha da Madeira ofereceu uma oportunidade de reforçar o orçamento doméstico e garantir respeito e visibilidade em terra estrangeira. 

Nas décadas seguintes, entretanto, com o aumento da oferta de tecidos em grande escala pela indústria, a procura do bordado da Ilha da Madeira diminuiu. 

Em meados de 1980, as portuguesas fundaram a União das Bordadeiras do Morro São Bento e começaram a dar aulas de bordado. 

"Essa atividade que, com tanta intensidade, preencheu a existência dessas mulheres, não despertou o interesse de suas filhas e netas", salientou Kodja. 

"As gerações seguintes declaram admiração e respeito pelo bordado, mas não fazem dessa arte o seu ofício. No Morro São Bento, o bordado da Ilha da Madeira é um tesouro sem herdeiros", concluiu a autora. 

Atualmente, quatro dessas bordadeiras (Dona Beatriz faleceu) oferecem cursos de bordados em duas associações comunitárias de Santos. 

Na ótica de Gisela Kodja, "o bordado é uma conversa interior, com o passado, com o afeto da infância, recompõe a história pessoal, é uma forma de sobreviver numa terra estrangeira". 

A autora demonstrou o desejo de lançar também na Ilha da Madeira o seu livro, que traz fotos de Marcos Piffer e tem o patrocínio do Instituto Cultural de Artes Cênicas do Estado de São Paulo (Icacesp). 

"Seria o máximo ter a oportunidade de apresentar também ao povo da Ilha da Madeira tudo o que essas cinco bordadeiras realizaram tão longe de lá ao longo de suas vidas", afirmou. 

ILHA DA MADEIRA

Madeira

Acho interessante acrescentar a estes comentários alguns dados sobre a Ilha da Madeira e suas bordadeiras, como enriquecimento ao tema.

Madeira, Ilha de contrastes e raridades, uma pérola da natureza que se abre a quem fala e entende a linguagem do mar. Flor do Atlântico, paraíso do mundo. Um tesouro embalado por uma Primavera sempre presente é na paisagem e exuberância da sua vegetação, que se encontram os maiores atrativos da ilha que batizou com o seu nome o arquipélago.

A origem vulcânica da Madeira provocou no seu relevo uma singularidade encantadora. Terra de sol, brumas e montanhas. Terra de florestas, falésias e vales.

Funchal, uma capital jardim que cresce em anfiteatro natural. Buganvílias cor-de-rosa, Jacarandás roxas e Árvores de fogo vermelhas a ladear as estradas. Camélias, estrelícias e orquídeas. Floristas que parecem perfumistas, a vender os aromas que nos envolvem no ar.

Na Madeira há tanto para contar, saber e visitar. Venha saborear de perto a hospitalidade de um povo doce como o Vinho da Madeira, atencioso como os seus bordados e genuíno como a natureza que aqui pode encontrar.